domingo, 10 de outubro de 2010

Despedida


Os dois estavam na rua, um de frente para o outro se encarando.

Pareciam querer dizer com os olhos o que não conseguiam pôr para fora pela boca.

Ele desistiu de usar a linguagem dos olhos, e ao se a aproximar dela lentamente, os fechou, lhe dando um beijo suave nos lábios. Depois se afastou com um sorriso besta estampado nos lábios. Ela o encarou com raiva.

- Por que você fez isso? – ela perguntou.

- Porque você me ama. – respondeu ele presunçoso e lhe beijou de leve nos lábios mais uma vez.

Ela continuou imóvel, o sorriso besta nos lábios dele a machucando. Ele não era mais ELE. Não o ele que era dela. Ela fazia força para não começar a chorar.

Ele devia ter percebido, pois seu sorriso foi minguando até ficar tão sério quanto ela.

Ela estava com os olhos enormes, enormes e infantis, do tipo que qualquer um perceberia que ela estava prestes a chorar. Ela desejava desviar os olhos dos dele antes que acabasse chorando de fato, mas o olhar dele a mantinha presa. Ele continuou a encarando até não mais suportar ficar em silêncio.

- Amor. – ele disse segurando o rosto dela entre as mãos. Ela tinha finalmente conseguido desviar os olhos dos dele, mas ele ergueu o seu rosto, forçando a encará-lo de novo. – Eu te amo e não quero estar com mais ninguém além do você.

E mesmo assim não está...

- Eu sinto a sua falta todos os dias, do seu beijo, do seu sorriso, até de você brigar comigo...

Ele emendou com um sorriso bobo, o sorriso que ela conhecia e que tinha sentido tanta falta.

-Eu não queria que tudo fosse assim...

Mas tudo era assim por causa dele.

- Eu sempre serei teu enquanto você me quiser e não vou deixar nada nos separar.

Nada além dele mesmo.

Ela permaneceu imóvel. As frases soltam continuavam vindo a mente dela e ficavam entaladas na garganta porque ela não tinha coragem de repeti-las em vos alta.

Ele continuou segurando o rosto dela entre as mãos esperando por sua reação, mas ela permanecia inexpressiva. Ele suspirou profundamente.

- Você não acredita em nada do que eu te disse não é?

Os olhos dele agora pareciam tristes e solitários. Ela derrepente sentiu pena dele. Reuniu coragem para falar, mas antes que ela pudesse abrir a boca e a beijou.

A beijou com paixão, ternura e também desespero, como se não restasse mais nada a fazer para que ela acreditasse nele.

E não funcionou. Ela não acreditava nele, não conseguia mais acreditar em um futuro feliz com os dois juntos.

Eles iam se separar, seguiriam suas vidas e não se veriam mais. Ela sempre se lembraria dele como seu primeiro namorado, mas não sabia como ele se lembraria dela.

Quando se separaram, ela continuou inexpressiva e ele com o olhar solitário.

- Eu tenho que ir. – disse ela. Finalmente a voz dela saiu.

Foi a vez dele ficar inexpressivo. Apenas soltou o rosto dela e não disse mais nada.

Ela se afastou e saiu caminhando lentamente se sentindo covarde por finalmente conseguir ir embora, mas ainda assim sem dizer adeus.




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